quarta-feira, dezembro 03, 2014

A Mágica do jogo de Espelhos

Prelúdio:


Anotações para Museu Arquivo

214.01 Iniciando processo – Tese Pós Doutorado em Biologia Genética – Resumo das condições de vida e quadro geral das condições de sobrevivência.
214.03-Resumo dos últimos meses:

“Não contamos o tempo e não importa o lugar. Talvez aqui, mesmo não sabendo onde é aqui”.

A ciência progrediu assustadoramente em três mil anos. O planeta está murcho como uma fruta sugada até o fim. A lógica não funciona nos moldes da Filosofia, guerras químicas secaram o solo, destruíram a vida, alteraram o cotidiano, destruíram o planeta.

Vive-se cada vez menos e cientistas concluíram, através de muitos estudos, durante oss séculos, que uma peste bacteriana, incorporou-se definitivamente nos compostos naturais do planeta. A solução foi desenvolver métodos de implantes genéticos para combater a velhice precoce e o curto tempo de vida; construir máquinas esterilizadoras, que precisavam ser constantemente acionadas. Os humanos vivem em média vinte anos, em cômodos apertados, hermeticamente - fechados e povoados por máquinas, como se dentro de um casulo, um labirinto de casulos.
O processo de enxerto genético tornou-se a principal tecnologia de sobrevivência, mas trouxe também suas sequelas. Para ativar o pensamento, foi sintetizada uma proteína catalisadora do raciocínio. Através de pesquisas exaustivas durante anos, chegou-se a um composto: O ADR (Adrenalizante Cerebral), capaz de ativar uma ampla rede neural correspondente à lógica.
A partir das experimentações com o primeiro composto ADR, as descobertas científicas realizaram "saltos gigantescos" em poucas décadas, muito embora ainda não tenham encontrado soluções para a degradação progressiva e devastadora do Planeta, em virtude das mutações genéticas intercambiáveis. Com a criação do ADR, vieram também outros tipos de problemas: a droga do raciocínio, além de causar vício, uma vez ingerida, também produzia efeitos colaterais, levando seus usuários a viagens psicodélicas prolongadas e incontroláveis.
 
Uma parte da Terra vive às escuras, numa noite eterna; a outra, sob o sol constante. Uma leve alteração no eixo de rotação do planeta, devido à reverberação sônica que adveio com a explosão de Júpiter, pôs fim a 90% da civilização humana e alterou radicalmente a geografia desenhada pelos antigos continentes e oceanos. O Planeta permanece dividido em dois hemisférios: não mais Norte e Sul, mas Lado Escuro e Lado Claro, como são chamados.


O Lado Escuro, sem motivo aparente que justifique tal condição ambiental, está limpo das bactérias - e, ao que se supõe, de outros organismos também. Já o Lado Claro, está infestado delas, de modo que a raça humana que o habita, vive em um abismo sem fim: as bactérias do ar cercearam a vida dos seres. Os mares se expandiram tanto, que as terras se dividiram. Foi necessário quase mil anos para que a raça humana remanescente se reorganizasse efetivamente e os cientistas produzissem o ADR, isso em meio a todos os problemas ecossistêmicos, psicossociais e à avassaladora peste de bactérias mutantes, que além de restringir (e destruir) vidas humanas na Terra, ironicamente também o fez com os antígenos causadores de outras doenças, pois que os destruiu também. A escolha pela sobrevivência no Lado Claro deveu-se em muito pelo difícil acesso ao Lado Escuro. A travessia por um oceano gigantesco e caudaloso, infestado de monstros marinhos mutantes, impediu que as raças momentaneamente separadas, pudessem se encontrar. O acesso ao Lado Escuro levou algumas centenas de anos.

O governo está centralizado, mas o poder não é totalitário, absoluto. Devido o fato de não haver “noite” – a sociedade se organiza de forma anarquista, dormindo e acordando conforme seu corpo manifesta cansaço ou disposição, sem horários pré- determinados. A fome de viver consiste em arquivar mais e mais informações acerca das condições de sobrevivência da espécie e então, morrer.

A Falha Genética, como ficou conhecido o fenômeno da infertilidade feminino-masculina, tem inviabilizado o nascimento biológico de bebês há alguns anos. Isso veio acontecendo aos poucos, até que um dia, deram conta de que já não existiam mais crianças. Ainda se nasce pelo processo in-vitro, mas não mais a partir do encontro entre óvulo e espermatozoide naturais. Há uma gama de genes e substâncias organo-ativas que, devidamente combinadas, asseguram a procriação da espécie, abreviando em muito o tempo de maturação que um filhote da espécie humana pura necessitaria para se desenvolver. Nascemos em idade avançada.”



Em Abril

234.02-Iniciando processo
“Estou relatando os acontecimentos do último Dia do Aviso. A criatura oferece resistência extrema. Lembra-me a violência com que reagimos instintivamente quando ameaçados. Seu corpo pequeno, cerca de meio metro de altura e aproximadamente 30 quilos, está sujo e deteriorado em algumas partes: fede como podre. Profere palavras ininteligíveis à minha compreensão. Pergunto-me sobre a violência de suas reações e não encontro respostas. Possivelmente represento uma ameaça para ele, mas não utilizo de gestos bruscos, tampouco me porto agressivamente. Mas receio que vá perder o controle, pois também possuo instintos e, às vezes, me vêm ao pensamento um desejo homicida de por fim a este selvagem infantil. Contudo, preciso pesquisar chegar ao coração dele, se é que ele o possui."

234.03-Reabrindo arquivo: intercorrências
"Ontem, após o Dia do Aviso, recebi a visita de duas médicas. Uma delas me abraçou e me beijou na orelha e na boca, enquanto a outra se deitou no divã: enigmática, entre risos, ficou nos observando. Em dado momento, o selvagem me agrediu nas pernas, com os dentes à mostra, a me morder e eu tive vontade de chutá-lo. Cheguei a sacudi-lo com força, mas não continuei porque as duas médicas, aos gritos, passaram a me censurar dizendo que eu havia perdido a cabeça.. Nesse instante, um réptil elétrico, não sei vindo de onde, avançou sobre o selvagem. Talvez tivesse entrado em meu cômodo e se escondido, enquanto eu voltava do Dia do Aviso. Eu o interceptei a tempo de evitar que algo mais grave acontecesse com meu truculento objeto de estudo: consegui imobilizar o elétron-reptiliano no chão, mas fui picado várias vezes e a dor foi terrível. Agarrei o réptil nojento e o atirei na parede, mas ele avançou novamente enquanto eu protegia o pequeno selvagem.

Com a criatura nos braços a me morder e o réptil nas pernas a me picar, a dor foi tanta, que acabei ficando anestesiado, sentindo apenas o gosto adocicado nos lábios, sobras dos beijos da médica que me excitara momentos antes. Quase desmaiado, pude ainda ver quando a médica do divã abateu o réptil, foi pouco antes de apagar completamente.”

234.05-Notas esquizoides
“São as escadas. Tudo está na mente. Às vezes caio no abismo ou então mergulho dentro dele. Anotei coisas em papéis do governo, mas amassei e joguei tudo fora depois. Foi o adrenalizante... o maldito ADR. Todos sabem, todos sabem... sem ele seríamos completos inúteis, com ele também...
Eu tenho essa criatura aqui e é muito complicado explicar. Estou fazendo um estudo bio-comportamental do selvagem e percebo que sou igual a ele. E esse maldito Dia do Aviso, quando somos obrigados a sair de nossas cabinas, isso me irrita muito: a cada ciclo, a mesma perda de tempo... Por que nos expomos a isso? Pra quê?


O selvagem... a criança... percebo semelhanças óbvias. Somos iguais a ele. Eu e todos os outros aqui, nesse inferno sujo.”
254.08-Recuperação e Retomada de Arquivo
Cheguei ao fim de uma temporada sob tratamento intensivo. As picadas que levei do réptil elétrico me deixaram muito doente. Encontrei-me com Lylách. Ela trouxe minha dosagem depósito de ADR e eu consegui pensar um pouco. Fizemos sexo violento."

254.32-Reunião Inesperada
“Recebi visitas e eu não estava preparado. Minha máquina de esterilização deu problema e eu precisei ligar urgente para a Equipe Técnica do Centro de Esterilização, um departamento do Instituto de Proteção que presta serviços de emergência. Eles vieram em dez minutos e concertaram em mais dez, após os quais, pude finalmente receber meus amigos: depois de tanto tempo desprotegidos do lado de fora, já estavam cansados de esperar e, provavelmente, contaminados. Da própria sujeira do ar das máscaras. Usaram a máquina e pudemos nos divertir um pouco. Como se sabe, é proibido por lei sair das cabinas de proteção depois do toque de recolher, uma vez que nesse período novas substâncias antibiotóxicas são testadas. Mas, clandestinamente, fazemos algumas reuniões, tomamos ADR alterado e conversamos sobre vários assuntos.
Os caras do Centro de Esterilização ficaram olhando para meus amigos, mas nada disseram. Respeitaram minhas divisas de Médico Chefe do Centro de Pesquisas."


254.75-Dia do Aviso
"Estamos todos reunidos no pátio em frente ao grande Edifício do Congresso, ouvindo os intermináveis discursos do governo sobre as futuras intervenções para contenção das novas bactérias descobertas, tendo ao fundo, os clássicos de Morfarrjedg. Foram distribuídas novas máscaras e os comprimidos de estagnação molecular. Mas, como todos nós sabemos, as máscaras não isolam totalmente, não conseguem conter a fúria bacteriana que infesta o ar com novas formas e tamanhos. E os comprimidos de estagnação nos deixam por poucas horas com a mesma bio-composição das bactérias, impedindo a contaminação. Às vezes, me pergunto se vale à pena tudo isso: tanto ADR, tantos antibióticos venais profiláticos, tanta esterilização insulínica... então me lembro que, em meu abrigo, tenho uma criatura, um pequeno selvagem que foi trazido na última expedição ao Lado Escuro da Terra. E é tão importante para mim conseguir descobrir como ele sobrevive: sem luz, sem dispositivos antibacterianos, sem ADR...

Qual será sua defesa e por que ele se mantém irredutivelmente violento, uma vez que meu tratamento não é dos mais perversos?... Segundo sabemos, não existem mais crianças. E o selvagem é um dos habitantes perdidos, que vive do Lado Escuro...

Mas nada sabemos do Lado Escuro.

Pausa (...)

257.17-Continuação - Dia do Aviso
“Não aguento mais estes clássicos. Preciso ouvir TecnoSharkall em minha claustrofóbica cabina de proteção.”


257.22-Lylách grávida

"Como pode?!
Não existem grávidas no planeta, pelo menos não desse Lado do planeta. Fico imaginando o que sairá daquela barriga... sabemos tudo sobre estas pseudo-grávidas, sobre ventres que não geram nada, a não ser vermes e mais bactérias. Se é verdade que os genes humanos foram irreversivelmente enxertados, a Engenharia Genética encontrou seu fundo. Testamos tudo o que foi possível. Sei que Lylách está aflita. Mesmo assim ela ainda pensa que pode gerar um filho dali. Mas não existem mais crianças. Não existem mais. Acabaram-se, com o tempo. Além disso, a atmosfera bacteriana alterou todos os nossos processos fisiológicos. Encontramos um meio difícil de reprodução em laboratório, substituindo várias características de um DNA original e ocupando os espaços vazios deixados pela falha genética. Somos criados em laboratório. Pelo menos 75% de todo nosso corpo é uma combinação matemática - ainda sob influência do acaso - feita em laboratório. Os cientistas que desenvolveram este processo, com o tempo, optaram por dar maior desenvolvimento ao cérebro, tornando-o mais racional e desprovido de emoções. Mesmo assim, com toda a inteligência e a mente funcionando intensamente, ainda não encontramos um meio de solucionar o problema da esterilidade humana e descobrir meios de garantir a procriação da espécie fora das quatro paredes do laboratório. Alguns cientistas afirmam que a natureza revoltou-se contra nós, que desenvolveu meios de, a cada investida cientifica, alterar-se mais e mais para escapar à destruição. Ingênuos, será que não conseguem ver para além dessa dualidade? Mas isso não importa. Sou um biólogo geneticista. Não devo me preocupar com isso. Além do mais, a vida é muito curta e já tenho preocupações por demais. Prefiro meu ADR, isso sim ainda me dá algum entusiasmo. Estou sentindo aquela sensação estranha, a qual denomina-se no Museu Arquivo de pena. Tenho pena de Lylách."

259.39-Carta de Autorização
"Estou seriamente compelido a abrir o selvagem. Talvez uma injeção de flúor ativo. O bastante para abri-lo. Hoje de manhã, ele vomitou novamente em cima de mim. Senti-me estranho. Não sei mais o que ele quer. Nós: eu, Lylách e outra novata, demos um banho de sal no pequeno monstro. Precisamos esterilizá-lo duas vezes por dia. Ele está mal. Tivemos que adaptar uma focinheira para que ele não nos mordesse mais. Fizemos uma reunião à tarde, com os técnicos do DGA (Departamento de Genética Avançada). Foi uma calamidade. Lylách havia ingerido muito ADR e não conseguia se expressar coerentemente. No final, ficou decidido que podemos fazer com o menino todos os exames necessários, mesmo que intrusivos. Isso significa incisão cerebral e retiradas de partes. Não gostei muito disso. Na verdade, quero estudar o sexo dele.”

“Vou abrir seu saco escrotal e retirar amostras de espermatozoides.” ·.
Em Setembro

260.00-Renomeado arquivo - Operação Gen&amp-amp-T
"Terminamos o estudo preliminar. Ele não está muito contente. Parece que agora se acalmou um pouco. Mesmo depois de abrirmos algumas partes do seu corpo, ele parece estar mais calmo. A operação foi totalmente gravada para o Museu Arquivo. Uma equipe médica muito volumosa fazia parte da plateia, gerando um certo tumulto, que foi logo contornado pela guarda do centro de recuperação. Ao fim, ensanguentado, pedi alguns minutos para me recuperar e logo depois voltei ao trabalho. No entanto, tivemos que suspender os estudos pela tarde. Lylách estava muito mal. Levei-a para o centro médico auxiliar, desativado há alguns anos e reinaugurado em abril. Ela está sob observação. Ao que parece, está no quinto mês de gestação de "sabe-se-lá-o-quê". Os médicos estão assustados. Dizem que isso não acontece há mais de 500 anos: uma mulher chegar ao quinto mês. E viva!.
Voltei para o meu abrigo. Tive que passar a noite ouvindo gemidos do selvagem. O efeito do flúor ativo está passando, então a dor vem queimando a carne. Passei por isso, quando precisei substituir os pulmões. Já experimentei o flúor ativo. É terrível."

265.03-Operação Gen&amp-T: segunda fase


"O selvagem gritou muito durante a noite. Tive que colocá-lo na câmara de gás. Ele dormiu depois, quando já era madrugada. Mas eu não consegui dormir mais. Vesti a roupa térmica, coloquei a máscara JY-8 (azul) e fui para o Centro Médico. Procurei por Lylách. Ela estava acordada também. Nós conversamos um pouco: ela me pareceu muito magra para uma grávida. Em alguns momentos, ela delirava pela falta do ADR, então tinha convulsões, babava e tremia todo o corpo. Não que eu sinta amor por Lylách, não é isso. Aliás, isso nem existe mais. Esse é um dos sentimentos-palavra que estão no Museu Arquivo. Apenas senti muita raiva-incompreensão dela; afinal, ela deixa que eu a use sexualmente. Eu também permito que ela me use. Temos um acordo aprovado pelo governo, com todos os papéis em ordem.
Em certo momento, no Centro Médico, gritei para ela enquanto um dos atendentes me segurava por trás, impedindo que eu pulasse sobre a cama: ela espumava e se debatia em sua crise de abstinência. Eu disse:_ "Sua estúpida!!! Tínhamos um acordo.”_  Mesmo sabendo que de alguma forma, não era culpa dela - Eu só queria apertar a barriga dela e tirar dali aquele intruso, mas os seguranças não deixaram. Saí do centro médico arrasado.
Voltei para o abrigo e o selvagem estava tenso. Adentrei o campo magnético e fui até ele: olhei fundo dentro de sua íris amarelada. Subitamente, ele me olhou também. Naquele momento, senti um calafrio: ele estava olhando para os meus olhos, talvez através dos meus olhos e, de repente, sua expressão modificou-se visivelmente, como se pudesse ver a si próprio através de mim ou algo em mim que o intrigasse. Aparentemente impossível, mas ele parecia estar pensando... talvez pensando sobre mim. Ou quem sabe sobre ele mesmo?... Ele então se ajeitou de cócoras, com os braços esticados ao longo do corpo, pernas ligeiramente afastadas, e continuou a me olhar por um bom tempo... a certa altura, entre divagações e vertigens, resolvi sair dali. O ADR provavelmente tinha me impregnado de novo, gerando um efeito de ilusão especular e confusão de sentidos.
Penso que talvez vá ter que abrir a cabeça dele. Isso me desnorteou. Mas eu preciso dar respostas à Comissão de Inquérito do Governo e até agora não encontrei nada. Não descobri nada: somente especulações. Não temos mais opções de estudo, a não ser analisar as amostras do tecido cortical e a anatomia interna dos órgãos vitais. Talvez o ADR não esteja sendo suficiente como estímulo disparador de ideias novas, uma vez que o vício aplacou toda capacidade de raciocínio espontâneo. Seja você um selvagem, um menino ou uma fera: não há remédio! Vou perdê-lo para sempre.”

265.99-Lylách - Sétimo Mês


"Lylách entrou em coma. Os médicos dizem que não podem fazer mais nada por ela. Dentro dela, da barriga dela, existe uma criatura viva. Abolimos os processos X-r para sabermos o que está ali dentro e não existem mais equipamentos desse tipo, mas sabe-se que é uma  homo criatura e que está viva. Ouve-se o coração através dos aparelhos. Tudo é muito ilógico. Lylách... como isso veio a acontecer?”

267.00-Novatórias do Dia do Aviso
"Foi determinado hoje, que uma nova expedição sairá daqui a três meses para o Lado Escuro da Terra. Eu estive pensando em me inscrever para ir também. Não sei... não sei...Estou confuso ainda."

267.57-Operação Gen&amp-T - terceira fase


"Abri o selvagem hoje pela manhã. Ele me pareceu ter chorado, concluí depois. Ali, na mesa fria, com aquelas luzes de alumínio e todo aquele plástico derretido, pensei:_ Não há mais futuro para o que restou da raça humana. O cérebro do menino era lindo: limpo de bactérias. Não estava contaminado como os nossos. Retirei amostras vivas. Fui pressionado a isso. À tarde, depois de levar os exames para a máquina de análise em varredura, voltei para o abrigo. O selvagem estava  morto.  Morreu pálido e triste."

268.77-Final de Arquivo
"Estou inscrito no programa expedicionário. Passei pelos exames preliminares. Não suporto mais meu abrigo. Estou com 17 anos, tenho mais poucos anos de vida... Com todos os enxertos genéticos que adquiri isso é certo. Não posso perder mais tempo. -Tempo é o que não posso perder."


269.00-Lylách


"Faleceu ontem à noite... deu à luz... ela não sentiu nada, estava em coma fazia dois meses.
A criatura é horrível. Nasceu envolta em uma gosma branca. Os médicos estão mantendo a criatura viva, submersa em um tanque de regeneração à base de ácido fluorídrico. Aparentemente está em fase de progressão biológica. Tornou-se uma celebridade, mas ninguém acredita que vá viver muito tempo. Talvez eu precise fazer alguns exames escrotais antes de partir com os expedicionários. Querem saber o que eu tenho aqui embaixo, entre as pernas. Eu e mais quinze pessoas. Lylách estava em contrato com muitas outras gentes. Ela tinha quinze anos. É mesmo uma - pena-. Perdi Lylách pra sempre. Senti muita raiva-incompreensão...  Depois, sentimentos confusos sobre mim."

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