sábado, dezembro 09, 2006

As Estrelas

*

Se não houver uma forma
de deixar a dor se ir,
e ser lembrança mesmo que eu não venha entender....
mesmo que você não queira ouvir
o som que vem do amanhã,
- ainda assim seremos -
hoje em mim...

Tudo que o tempo apagou
tudo que deixou de resumir
nessa vida ainda estamos nós aqui...

Amor se vai voltar
então está chegando a hora
se tem algo pra dizer
diga antes que a noite caia...

antes que o barco deixe o cais
antes que as estrelas
sejam nós...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Lágrima Gris

Não vou falar sem me deixar enlouquecer
Queria ter um jeito de tirar você de mim
Agora é tarde pra tentar
dizer o que a voz não tem
e mesmo assim a mente vem nos lembrar...

Não vou querer te ver nos braços de outro alguém
A dor que há só de saber - destrói meu lado bom.
E o tempo vai - passando em nós
e os dias são - laços reais
que vão nos amarrar ao velho cais...

Assim
Enfim
deixar a vida ir
Quem sabe ela chega...

Ali
No céu
Melhor pra se deitar
Pensar no amanhã que flora...

Eu fui fiel aos sonhos tolos – todos.
Castelos que em névoa - desmancharam-se ao sol...
Assim como os dias são
de âmbar e de fel
Também são as luas no caminho para o rio...

Eu tive tantos planos e coragem pra tentar
Ainda agora estou aqui vendo a maré descer
Mas foram tantas coisas
que levaram o futuro
Com lágrimas gris
e lábios de outonos...

Assim
Em mim
Lembranças de um lugar
Que a noite vai levar...

Ali
No céu
Melhor pra se deitar
Pensar no amanhã que flora...

 

terça-feira, março 28, 2006

Theatro de Seraphin

Estamos com as bases quase prontas, já gravadas: bateria, baixo e guitarras.
O processo é complicado, demora, faz e refaz um monte de coisas em pouco tempo, pois tempo é dinheiro, e sempre que chego ao estúdio me dá um sono monstro, desses em que eu quero só ficar deitado no sofá vendo o pessoal gravar e ouvindo o som na altura máxima!
Ok, já, já teremos na mão este doloroso e bem vindo Cd da banda, com todas as músicas (ou quase todas) que tocamos este último ano. E uma composição nova, que partiu de Candinho, pra fechar este primeiro degrau.
E veja bem: apostamos muito em nossa competência e talento, sem modéstia nenhuma que não somos mais meninos, este degrau de alguma forma, vai ser pra cima!
Conto com a opinião das pessoas, dos amigos, opiniões doídas ou não, tudo vai ser reprocessado e retornará, de uma forma ou de outra, de onde veio.
Sem mais, aguardo por vcs no próximo sinal.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Novas engrenagens

Achei que pudesse estar presente no Blog ao menos uma vez por semana e descubro que planejamentos são sempre facas de dois espelhos.
Não pude estar aqui com regularidade mas estarei fazendo comentários esporádicos sempre que houver tempo.
Boa notícia para fãs da banda:
Gravamos 14 faixas do Cd, apenas bateria, e posto aqui cada passo que dermos rumo a finalização que, segundo diz a lenda, é lá pra final de abril.
Segue aqui a lista de músicas que farão parte do CD Theatro de Sèraphin:

12x8
Sombras Chinesas
Cólera
O Mágico de Oz
Dionísio
Tristeza
Este Momento
Súbito
Arqueiro Cego
Na Rota Das Estrelas Cadentes
Doralice
Solidão dos Campos
Tempestades Risonhas

...e pra finalizar, uma música nova que será ouvida apenas no CD!

[além é claro de um bonus track]

Até Breve!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

trígono


um beijo pequeno
doce em suspiro
profundo e leve
nota dissonante na vertigem
dos colapsos
abraço
de elefantes.
cosi


quis o tempo sobre a pele
o sol na língua seca
quis a dor nos dedos breves
entre frestas violetas
rubra dor nos alicerces
pés descalços de soberba
desconheço a dor das formigas
só conheço a magia das abelhas.
quis o tempo em laços de névoa
prender os braços ao cais do porto
como prender a alma a seu corpo
[nem a vida pode tanto]
passatempo de vertigem
é precipício e desencanto.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Gen

No início não havia o verbo. Formigas e cordões. ..........
Uma braça uma légua um pedaço. Não havia um destino.
A poeira dançava no ar e o fogo era a vida. Do calor das chamas nascia a angústia, a dor.
Rios de lava.
Criptas incandescentes brilhavam rubras e brilhantes. Pedras soerguiam das profundezas do oceano vermelho e abraçavam a areia abstrata. Minúsculos grãos de vermes cronometrados estremeciam abraçados uns aos outros em vida efêmera. Como um caldo de lama. Uma sopa cósmica de verões e primaveras. Não existia o olhar e o sorriso. Ventos aquecidos sopravam o etéreo. O som era apenas uma palavra em um dicionário que não existia.

O início era um vulcão nas ondas de calor e chamas. Não havia o concreto. A síntese. Não pairava sobre a escuridão uma forma. No início não havia trigonometria. Não haviam ângulos. Não havia o ávaro, nem o desprezo.
As asas da borboleta não tinham cor, não existiam. Não se saía à noite em busca de lugares. Em busca de amor. Não havia álcool. Ninguém, pois não havia, buscava o calor dos abraços. Não havia o beijo. A dança. Não haviam carros: nem voadores, nem transparentes, nem teleportes, nem mágica. O sabor era algo que não havia. Ou sapatos. As pessoas não se irritavam, não sofriam com a certeza da morte, pois não havia...as pessoas. O pensamento não se fazia pois não existia pensamento onde coubesse. A imagem não retratava e se guardava, pois ela era apenas uma possibilidade. Sóis e mais sóis e mais luz era tudo que havia. Em meio a nuvens e gas e corredeiras de tormentos, solidão e mais tudo o que era possível existir sem nunca o ser... existia.

No início era tudo muito simples, das formas simples: dos sabores amargos e doces: todos muito simples, sem mistérios ou adornos ou complexidades tais que a própria explicação perderia o sentido. Olhos não se abriam iludidos e turvos para aquelas manhãs que agora eram sonho. Sonho sonhado com as angústias e desalentos das tormentas repentinas. Não havia esperança sintética, planejamento geométrico, visão horizontina, conduta correta. Não havia forma que não se transformasse, fogo que não fosse azul, noite que não fosse fria.

Não havia cor.

De repente tudo era muito branco, palavra que não existia. Congelado no frio do abandono, às intempéries dos ventos mundanos, que rodopiavam acima do que não existia. Do nada que não brotava, das gotas sobre as folhas que não derretiam.... e não pingavam sobre o que não havia de duro. O branco era absoluto e de tão branco não existia. O frio dos redemoinhos que giravam em danças, em bailes, em sinônimos de liturgia, e que se desesperavam, se contorciam, esvaeciam em doces murmúrios de início... porém, na dor dos começos alquebrados, distantes doiam e choravam, choro que não havia pois não havia lágrima.
Ainda assim havia a hera. Havia a trama, o laço, a orgia. O apêndice lua quase já havia. Um calo, uma montanha, um carrosel-montanha russa,... algo que se precipita. Então corriam o tempo e a idéia; tempo que feito sombra existe e não habita; e a imagem que supervicia. Ainda assim o verbo, palavra neonatal, isso que apenas tangecia, ...não supre agora o desespero das palavras que não tinham. Pois que ali no fundo do futuro, oculto entre os brilhos do escuro, pequeno como um suspiro obtuso, os vermes se uníssonos se uniram.