terça-feira, março 17, 2015

A Janela


Sinto-me perto de outro enigma

Desses percutores de visões clandestinas

Dessas armadilhas que levamos anos montando

E depois presos na rede nos debatemos chorando
Por saber que nossas mãos ergueram o claustro e a janela.

Capital


Uma rosa no jardim me proporciona alegria

Uma flor pequena e amarela todo dia se abre

Descubro a beleza em meio à solidão dos dias

E acordo de madrugada para vê-la florindo

Depois eu me sento em frente à janela

Para ver o mar que distante ainda se agiganta

E posso sentir suas ondas delirantes

E todo sal respingado no ar que me abraça

Antes do mar vejo as favelas

Que não são favelas em sua maioridade

São casas simples sem pintura e sem tramela

Apinhadas pelos morros diluindo a cavidade

Há uma estrada na via lateral indo ao mar

Carros deslizam em direção a orla escura

lentamente

pela distância eles parecem calmos

: Então me perco em pensamentos de horizontes

E vou a cozinha preparar um café

Espero que ela acorde e encontre o café quente

Não digo nada já não nos falamos como antes

Apenas sei o que ela vai me dizer nas próximas vinte palavras

E ela sabe minhas vinte respostas.

Fênix


Tudo que eu queria era tão pouco

Ou meu querer era muito pra minha alma?

Ou saber o que queria seria melhor para o mundo

E não faria sofrer quem eu sempre amara?

Tudo que eu queria podia estar bem perto

Ou estaria tão longe que eu sequer avistava?

E eu faria triste quem mais me queria

Ou a tristeza era parte da cruz tão pesada?

Tudo podia ser melhor se houvesse sorte

Ou a sorte sempre foi apenas uma palavra?

Cruzadas


A altura dos sonhos

Vem dos olhos de quem sonha

O sorriso é meio caminho

Para abrir a porta das quimeras

 

O sonâmbulo tem sua sombra a si bem colada

Assim o sonho pode abrir seu coração para novas cruzadas.