domingo, junho 13, 2010

TANTO EVITA


(banksy-graffiti-street-art-peace-dove)

Está-se por um fio no fio destas navalhas sujas
Correndo no cio atrás de esperanças cruas
Como se não houvesse um ponto um instante uma falha viva
Em tudo que fica no limite entre estar e explodir do nada

Se eu nem soubesse mentir, mas me ensinaram,
Se eu nem soubesse chover, mas só posso isso,
Se eu nem soubesse gritar, mas o grito acalma,
Se eu nem soubesse por que, mas está sempre no ar...

Hoje as nuvens negras estão chamando parias
Os homens-peixes sufocando em seus cotidianos
Os dias no relógio são desumanos desse tamanho
E todo calendário passa vai passando e desconstruindo...

Se estivermos frios por dentro e por fora cheios de orgulho
Mas orgulho e sombra são as mesmas coisas podres e velhas
Veja no miolo da maçã dos dias quanta indiferença faz um solitário
Pois a noite chega impreterivelmente quando chega o sono

Não há dança que eu não veja Alice em chamas me chamando
Vou me descolando dessa pela frouxa dentro de seus lábios
Eu queria tanto poder ser um dia um caminho santo
Com toda porcaria que esse mundo cria e tanto evita...

Acidentes leves na alma em corte obliquo e síntese
Como se pudessem desaguar nos vãos das noites cálidas
Mesmo as crisálidas nuvens que abraçam os tolos simples e
Deixa abrigo ôco feito estradas no azul celeste e negro.

Ainda que ouvissem o grito dos jovens enforcados
o toc toc agudo da alavanca de madeira e lata
E as bandeiras tremulando ao vento frio da noite acesa
E canalhas sorvendo cerveja de trigo em cantorias bélicas.

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