
Chegamos à concha por volta das cinco da tarde. As pessoas entravam sem parar pelos portões do outro lado da grade e eu me sentia nervoso; não tanto quanto pensei que fosse ficar. Não sabia como seria mais tarde quando fosse nossa hora e isso me deixava um pouco tenso. Tinha apenas a expectativa do que seria. No fundo eu estava até seguro de nossa apresentação, tinha esperanças que fossemos chegar na final. No camarim improvisado para todas as bandas, a gente se cruzava, todo mundo amigável, nervoso, percebia-se. Havia uma mesa farta de salgados, frutas, doces, refrigerantes. Não serviram nenhuma bebida alcólica, fato que resolvemos de forma legal antes de entrarmos, comprando uma garrafa de vinho e bebendo antes de nosso show, em homenagem a Dionísio. Ainda alí pelos bastidores, quando já tocava a penúltima banda, resolvi ficar por perto das janelas das salas que ficam no caminho para o backstage. Dali observava Molko, Steve (sempre ao telefone) e Stefan. Queria falar com Molko, dizer sobre a banda Theatro de Seraphin. Falar que já ouvíamos o Placebo por muito tempo. Não houve como fazer isso naquela hora. Iamos entrar.Estávamos acompanhados de Thiago, que na verdade estava a trabalho mas é nosso assessor de imprensa e estava cosnosco tb tirando fotos. Além dele, tinhamos a companhia de Simone. Entramos, ligamos os eqptos e aguardamos ser apresentados. Tocamos bem, havíamos ensaiado muito, o show foi bem legal para todos nós, subiu a auto estima de todos da banda, afinal estar alí e tocar minutos antes do Placebo era um sonho nunca pensado por qualquer um de nós. Ao final da apresentação, ouvimos rumores que estavamos no páreo para a classificação mas que era difícil ganhar de Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, o show deles tb foi massa e eles estão a bem mais tempo na estrada. A Theatro de Seraphin vai fazer um ano em 23 de maio, data que elegemos por ser o dia em que estreamos em Salvador nosso primeiro show, no Clube de Engenharia. Saimos e arrumamos as coisas no camarim. Nesse meio tempo, a produção do show trocou todo o palco para o show da noite, o Placebo. Foi impecável. O som não estava alto, na medida, as músicas se sucediam numa infinidade de hits, Molko pra lá de à vontade na Concha, mostrando por que a banda está no primeiro time dos grupos de rock da atualidade. Ao final do show anunciaram a vitória de Ronei. É claro que ficamos abatidos, não há dúvida sobre isso. No entanto, ao sairmos da concha com nossos instrumentos aconteceu algo surreal. Já próximo a saída, estavamos todos juntos, caminhando, uma infinidade de garotos e garotas se aproximou da gente, querendo saber da banda, quando era o próximo show; e todos aqueles guris vestindo camisetas preta e com pircings por todo rosto agarrando a gente como se fossemos celebridade, principalmente Cândido, que mostrou por que carisma vale mais do que mil solos de guitarra. Eu e Marcos ficamos sem saber o que falar, extasiados com aqueles vinte, trinta guris nos rodeando. Fomos para um bar na ladeira ali da Concha mesmo e tomamos umas cervejas ouvindo comentários sobre o show de uma galera que se juntou a nós aos poucos. Dispersamos depois e, eu, Marcos, Cassandra e Lia, pegamos o rumo do MacDonalds. No caminho ligaram e disseram pra gente não deixar de ir ao MissModular. Ok. Combinamos fazer um lanche e dar uma passada lá.Chegando no MM, sacamos algo de cara, pois uma vam estava estacionada alí na frente, e havia muita gente conhecida. Ao subirmos demos de cara com todo o Placebo encostado no balcão enchendo a cara de caipirinha. Molko super a vontade, Stefan na dele conversando com o barman, eu fiquei intimidado e pouco tempo depois resolvi sair com Cassandra. Contam que depois Marcos dançou com Molko descalço e que ele falou com todos que foram até ele e tirou muitas fotos também. Foi um momento marcante para mim, não sei mais quando vou ter um momento tão bom. Agora é seguir em frente, rumo ao CD, as novas composições, aos shows que certamente virão.
abçs a todos.